O Príncipe de Maquiavel
O Príncipe é um tratado político que serviu como
base para modelar a estrutura governamental dos tempos modernos. E foi escrito
a partir de reflexões sobre o passado político, reunindo conselhos e sugestões com o objetivo de conquistar a
confiança de Lourenço de Médici.
Nessa época, a Itália estava dividida em pequenos
Estados, repúblicas e reinos. Havia muita disputa de poder entre esses
territórios. Maquiavel orienta os governantes a respeito dos perigos que existem em se dividir politicamente uma península e ficar exposto às
grandes potências europeias.
Durante o período medieval, o poder político era
concebido como presente divino. Os teólogos elaboraram suas teorias políticas baseados
nas escrituras sagradas e no direito romano. No período do Renascimento, os
clássicos gregos e latinos passaram a lastrear o pensamento político.
Maquiavel, no entanto, elaborou uma teoria política totalmente inédita,
fundamentada na prática e na experiência concreta.
O Príncipe" sintetiza o pensamento político de
Maquiavel. A obra foi escrita durante algumas semanas, em 1513, durante o
exílio de Maquiavel, que tinha sido banido de Florença, acusado de conspirar
contra o governo. Mas só foi publicada em 1532, cinco anos depois da morte do
autor.
Como tinha sido diplomata e homem de estado, Maquiavel
conhecia bem os mecanismos e os instrumentos de poder. O que temos em "O
Príncipe" é uma análise lúcida e cortante do poder político, visto por
dentro e de perto.
A Europa passava então por grandes transformações. Uma
nova classe social, a burguesia comercial, buscava espaço político junto à nobreza, ao mesmo tempo em que
assistia a um movimento de centralização do poder que daria origem aos Estados absolutistas (Portugal, Espanha, França e Inglaterra).
Em "O Príncipe" (palavra que designa todos os
governantes), a política não é vista mais através de um fundamento exterior a
ela própria (como Deus, a razão ou a natureza), mas sim como uma atividade
humana. O que move a política, segundo Maquiavel, é a luta pela conquista e
pela manutenção do poder.
“O Príncipe” tem um estilo elegante e direto. Suas
partes são bem organizadas, tanto na apresentação quanto na distribuição dos
temas. O procedimento principal do narrador é comparar experiências históricas
com fatos contemporâneos, a fim de analisar as sociedades e a política. Em
algumas passagens, o próprio autor se torna personagem das situações que
descreve.
Podemos dividir a obra política de Maquiavel em quatro partes:
classificação dos Estados; como conquistar e conservar os Estados; análise do
papel dos militares e conselhos aos políticos para manutenção do poder. Dizemos
que Maquiavel é o fundador do pensamento político contemporâneo, pois foi o
primeiro a pintar os fatos "como realmente são" e não mais "como
deveriam ser".
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